nº 65 / Outubro 2016
Centro menor de Las Palmas outubro de 2016
Olhos abertos
“A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia
de Deus, coração pulsante do Evangelho,
que por meio dela deve chegar ao coração e à mente
de cada pessoa”. (MV)
Queridos Amigos, recordar hoje a figura de Claret
anima-nos a assumir com determinação e generosidade
a gozosa tarefa de anunciar o Reino. À sede de
verdade e de amor, ao desejo de viver com sentido e
de construir um mundo mais fraterno e solidário, somam-
se outras vozes que tentam apagar esta sede
ou sublimar este desejo com outras ofertas que não
respondem aos anelos mais profundos do coração
humano.
O anúncio da Palavra que nos guia até à própria interioridade,
onde no encontro com Deus descobrimos
as chaves para interpretar e orientar a história,
é hoje mais urgente que nunca. “A experiência do
amor de Deus capacita-nos para acolher os outros
como irmãos e a criação como dons a partilhar”.
(Claret/cf Aut. nº 438)
Esta urgência já Claret a expressava na sua Autobiografia:
«…ficava inflamado num fogo tão ardente,
que não podia permanecer quieto. Tinha de me
deslocar e correr, célere, de um lugar para outro,
pregando continuamente. Era indescritível o que se
passava dentro de mim. Não sentia cansaço (…).
Nada me perturbava» (Aut 227)
Coração Sensível
A misericórdia sustém a vida da Igreja. Nela se fundamenta a sua criatividade.
Todas as suas ações hão-de estar revestidas de Ternura.
Para Claret «a virtude mais necessária é o amor. Afirmo-o e repeti-lo-ei mil vezes:
a virtude imprescindível é o amor. Deve amar a Deus, a Jesus Cristo, a Maria e ao
próximo. Se não tiver este amor, todos as suas qualidades serão inúteis; mas, se possuir
um amor profundo, aliado aos dotes naturais, então nada lhe faltará.» (Aut 438)
Assim, ser testemunhas da misericórdia de Deus implica (MV):
-O anúncio alegre do perdão.
«Não pude escapar às más-línguas (…) levantaram contra mim todas as inimagináveis
aleivosias e espalharam as mais repugnantes calúnias. Eu, porém, mantiveme
calado, sofri e alegrei-me no Senhor, porque Ele me presenteou com uma taça
do cálice da sua paixão. Encomendei a Deus a vida dos caluniadores, depois de lhes
ter perdoado e os ter amado do fundo do meu coração.» (Aut 628)
-Ir ao encontro de todos sem excluir ninguém.
«Recordo-me que, durante a guerra da Independência, que durou de 1808 até 1814,
era grande o medo que os habitantes de Sallent tinham aos franceses(…). Toda a
gente debandava, quando corria a nova de que o exército francês se aproximava. As
primeiras vezes que fugi, recordo que me levavam às cavalitas; mas, nas últimas,
quando já tinha quatro ou cinco anos de idade, caminhava por meu próprio pé e
dava a mão ao meu avô, João Clará, pai de minha mãe. Como era de noite e ele já
via mal, avisava-o dos obstáculos com tanta paciência e carinho, que o pobre velho
ficava muito consolado, por verificar que não o abandonava.» (Aut 19)
-Ser oásis de misericórdia.
«Procedia deste modo, sem me dar conta, mas apercebi-me, com o tempo, de que
agia por uma graça especial e por um dom de amabilidade que o Senhor me concedera.
Isso fazia com que os trabalhadores recebessem sempre as minhas correções
com humildade e se emendassem (...). Foi então que compreendi como é conveniente
tratar, com afeto e boas maneiras, todas as pessoas, por mais rudes que sejam!
E como se extrai maior proveito, quando se atua com doçura, em vez de o fazer
com aspereza e irritação! » (Aut 34)
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ORAÇÃO
Queremos viver à luz da Palavra
do Senhor. O evangelho refere-se
ao ensinamento de Jesus:
“Sede misericordiosos…” (Lc 6,36).
É um programa de vida tão comprometedor
como rico em alegria e paz.
Para ser capazes de misericórdia, devemos:
-Colocar-nos à escuta da Palavra
de Deus.
-Recuperar o valor do silêncio.
-Meditar a Palavra que nos é
dirigida.
-Viver essa Palavra no quotidiano.
“Senhor e meu Pai,
que eu te conheça e te faça conhecer;
que eu te ame e te faça amar;
que eu te sirva e faça servir;
que eu te louve e faça louvar.
Amen .”!
(Claret)